O concurso realizado pelo Prioridade Absoluta em parceria com a Agência Pública selecionou cinco projetos que retrataram a questão em diferentes lugares do Brasil.
Foram 77 inscrições de 16 estados brasileiros, cinco selecionadas dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará e Pará, mais de 40 compartilhamentos no Facebook e quase 100 republicações por outros veículos de comunicação. Esses foram alguns dos resultados da parceria entre o Projeto Prioridade Absoluta, do Instituto Alana, com a Agência Pública, de jornalismo investigativo independente. O concurso lançado em abril distribuiu cinco microbolsas no valor de R$ 5 mil para a execução de matérias jornalísticas com o tema: “água e os direitos da infância”.
A ideia do concurso surgiu da preocupação com os direitos das crianças durante a crise de abastecimento hídrico que diversas regiões do país enfrentam, com intuito de mostrar histórias que muitas vezes não são contadas. “Queremos ressaltar por meio dessas reportagens a importância de efetivar o artigo 227 da Constituição Federal, que coloca as crianças como prioridade absoluta nos planos e preocupações da nação, mas que muitas vezes é violado”, afirma Isabella Henriques.
A primeira matéria publicada no dia 24 de agosto foi Hoje não tem água nem aula, autoria de Camila Camilo. A reportagem mostra a realidade das escolas paulistas que desde 2013 sofrem com a crise de abastecimento hídrico. Para pais, professores e diretores, a falta de orientação agrava a situação dos alunos. Leia na íntegra.
Ilha dos marinheiros: à margem de Porto Alegre, realizada por Gabrielle de Paula, Luis Felipe Abreu e Yamini Benites, foi o segundo projeto publicado, e dessa vez com exclusividade no Jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul. A matéria revela outra faceta da capital gaúcha, onde crianças vivem em palafitas em meio às águas poluídas do rio Guaíba. Leia na íntegra.
A terceira reportagem, Caminhões-pipa no Ceará entregam água imprópria à população, de Thays Lavor, mostrou a realidade de moradores do estado nordestino que reclamam da qualidade da água distribuída na operação de combate emergencial à seca que se arrasta há quatro anos e ainda constatou que crianças e idosos têm adoecido por causa da contaminação. O governo do Estado inclusive emitiu uma nota em resposta a reportagem. Leia na íntegra.
Em Minas Gerais, Cibelih Hespanhol, Helen Santa Rosa, João Roberto Ripper realizaram a reportagem Nem água nem terra que mostrou a vida das crianças de comunidades vazanteiras que vivem de acordo com o ciclo natural do São Francisco e que agora sofrem com a crise do rio. Leia na íntegra.
E por último O Preço da Água, de Sarah Fernandes, mostrou como a concessão do abastecimento para a Odebrecht Ambiental, no sudeste do Pará, veio acompanhada de tarifas altas e que por isso, muitos moradores de baixa renda precisam decidir entre pagar a conta ou garantir a alimentação das crianças. Leia na íntegra.
Além das cinco selecionadas, a Agência Pública conseguiu por meio de financiamento coletivo executar mais um projeto inscrito no concurso, “Infância Interditada”, de Donminique Azevedo, que retrata a situação precária que muitos meninas e meninos vivem nas encostas de Salvador (BA).
Em julho foi lançada a pesquisa Irbem Criança e Adolescente, realizada pela Rede Nossa São Paulo, com parceria do Ibope Inteligência e apoio do Instituto Alana (Prioridade Absoluta) e do Instituto C&A. Os dados mostram a percepção que pessoas entre 10 e 17 anos tem da cidade de São Paulo. Entre os resultados que preocupam, como da segurança (atributo que obteve menor índice de satisfação 5,1) e do consumo (59% das crianças ficam insatisfeitas quando não compram ou ganham um produto anunciado) foi possível perceber que ‘existe amor em SP’. Ao cruzar os dados ficou evidente que as crianças e adolescentes que brincam coletivamente, na rua, na praça, em parques têm uma relação melhor com seus vizinhos, com o bairro e uma satisfação maior em relação à cidade.
As crianças e adolescentes que fora do horário escolar realizam apenas tarefas ou brincadeiras individuais, como ajudar nos serviços domésticos, assistir TV, dormir durante o dia, ficar no computador, etc., tendem a ser menos satisfeitos com a qualidade de vida na cidade de São Paulo. Este grupo, formado principalmente por meninas (72%) e adolescentes entre 15 e 17 anos (59%), se diz “pouco satisfeito” em relação à cidade e considera o bairro “apenas um lugar para se morar”.
Já aqueles que empinam pipa, jogam bola, andam de bicicleta, ficam na rua, fazem passeios culturais, etc., se sentem parte de uma comunidade em relação ao bairro que moram (58%). Na avaliação da satisfação geral da qualidade de vida em São Paulo a média da nota (de 1 a 10) do grupo foi de 7,4, enquanto que no grupo de atividades individuais o número caiu para 6,6.
Entre as crianças, de 10 a 11 anos, 30% realizam atividades coletivas perante 10% que praticam individualmente. Das crianças que participaram da entrevista, 55% afirmam que brincar é a principal ocupação quando não está na escola, seguido de assistir TV (22%) e jogar bola (21%). As atividades praticadas nos parques, na rua ou em qualquer lugar fora de casa aparecem na pesquisa como variáveis importantes na relação das crianças e adolescentes com a cidade e no relacionamento com as outras pessoas. Vivenciar a rua no momento de lazer e tempo livre ajuda a construir uma percepção mais humana do bairro, da cidade e de seus moradores.
Foto: Via Flickr Brian Talbot
O anúncio foi feito para prefeitos e gestores públicos em Brasília; o prêmio visa reconhecer os municípios com as melhores práticas voltadas para as crianças.
Como reconhecer as cidades com boas práticas para as crianças e que priorizam a infância em suas decisões? Foi a partir dessa questão que nasceu o Prêmio Cidade da Criança lançado nesta quinta-feira (9), durante o III Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, em Brasília. O prêmio, parceria entre o Projeto Prioridade Absoluta, do Instituto Alana, e o Programa Cidades Sustentáveis, vai avaliar a atuação das gestões municipais a partir de 60 indicadores básicos e 25 relativos sobre os direitos fundamentais da criança, em especial à cidade, cultura, educação, saúde e proteção integral.
No lançamento, realizado durante a posse da nova diretoria da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Pedro Hartung, advogado do Instituto Alana, ressaltou a importância do prêmio para a garantia dos direitos das crianças. “Esperamos que todas as pessoas e municípios brasileiros compreendam o real valor da infância e o poder de transformação da cidade quando colocamos os interesses da criança em primeiro lugar”, explicou Hartung.
Oded Grajew, coordenador da Rede Nossa São Paulo, abriu o lançamento e destacou a relevância de iniciativas que promovem a melhoria da qualidade de vida da população. “Esse prêmio dará visibilidade para os municípios vencedores. Hoje estamos lançando junto com dois parceiros que estão olhando especificamente a área da criança e a área do esporte”, explicou Oded.
Na categoria esporte, a parceria com a ONG Atletas pelo Brasil vai premiar municípios com boas práticas na área. O diretor da ONG, o ex-jogador Raí Oliveira, também participou do evento e incentivou a adesão dos prefeitos.
Todas as prefeituras do Brasil podem se inscrever no Prêmio Cidade da Criança. Tanto aquelas que já tenham assinado a Carta-Compromisso e aderido formalmente ao Programa Cidades Sustentáveis, como as que ainda não aderiram, mas desejam fazer parte. (clique aqui para saber mais).
Quer saber mais? Acesse o site do Prêmio Cidade da Criança.