Curta-metragem “Outro Olhar”, produzido pela Maria Farinha Filmes e Instituto Rodrigo Mendes, mostra a história da estudante gaúcha Renata Basso, que tem síndrome de Down e acabou de concluir o ensino médio
O estudo de caso, composto pelo filme e por um material de apoio que contextualiza e sistematiza a experiência, foi lançado pelo Instituto Alana e pelo Instituto Rodrigo Mendes em 7 de agosto, durante um evento que contou a presença de dirigentes da rede de ensino, professores, gestores e representantes de ONGs que trabalham com o tema. O evento também contou com um debate com a especialista em educação Maria de Salete Silva, o presidente do Instituto Rodrigo Mendes, Rodrigo Mendes, e a presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Gecy Klauck.
Segundo Rodrigo Mendes, é preciso lembrar que a educação é um direito fundamental e, portanto, deve ser garantida a todos, sem exceção. Por outro lado, a educação inclusiva descontrói o modelo que há hoje e propõe que o respeito à forma única e singular de cada indivíduo construir o conhecimento precisa encontrar espaço. “Quando se tem alguém com deficiência na escola, os educadores são obrigados a mudar. Não há como adiar”, diz Rodrigo. “A educação contemporânea deveria valorizar as diferenças, contribuindo para a formação de indivíduos adaptados ao mundo de hoje, mas nem sempre é o que acontece. Por isso, esse exemplo da estudante gaúcha é tão significativo”, completa.
Já para Maria de Salete Silva, é preciso enfrentar as mudanças necessárias para sair da obsolescência em que o ensino médio se encontra ‘sem parar o carro’. “Não dá para interromper tudo e recomeçar lá na frente. A experiência com Renata é mais forte que qualquer tese de doutorado. Não tenho dúvidas de que a abertura para a inclusão é que vai acelerar esse processo de mudança”, concluiu.
O material está disponível na plataforma Diversa, que tem como públicos-alvo educadores, diretores de escola, gestores públicos e outros profissionais que se sentem desafiados a incluir estudantes com deficiência na escola regular. O objetivo do Diversa é dar visibilidade a práticas consistentes de educação inclusiva, como no caso de Renata em Santa Maria (RS) e transformá-las em fonte de referência.
O curta é uma produção da Maria Farinha Filmes e do Instituto Rodrigo Mendes, com direção de Renata Sette, e patrocínio do Itaú BBA e do Instituto Alana, além do apoio do Instituto Unibanco, Ministério da Educação e Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. A ação faz parte do projeto Outro Olhar, do Instituto Alana.
O Dia Internacional da Síndrome de Down (21 de março) foi comemorado de maneira bastante especial no Instituto Alana: com o lançamento do projeto Outro Olhar. Ele se propõe a atualizar conceitos, fomentar pesquisas, amparar famílias e incentivar o protagonismo da pessoa com a síndrome.
O projeto surgiu com um nascimento, que inspirou um “outro olhar” sobre a síndrome de Down e se propôs a produzir e disseminar conhecimento em cinco eixos de atuação:
Pesquisa científica: com patrocínio e fomento a estudos clínicos que buscam melhorar a qualidade de vida das pessoas com síndrome de Down. A pesquisa em parceria com a Case Western University, em Cleveland, foi aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration) e está em processo de implementação no Brasil e nos Estados Unidos;
Acolhimento às famílias: estruturação de um programa, em parceria com outras organizações, profissionais de saúde e com o poder público, para atuação junto a pais no momento em que eles descobrem a síndrome de Down em seus filhos – seja durante a gestação ou no parto;
Comunicação: criação de um site (outroolhar.com.br) feito também por pessoas com síndrome de Down e suas famílias, com a missão de informar, mobilizar, sensibilizar e unir o público em geral;
Práticas educativas: registro, sistematização e divulgação de casos de sucesso dentro de escolas brasileiras em uma parceria com o Instituto Rodrigo Mendes, para disseminar essas práticas e inspirar outros profissionais;
Mercado de trabalho: produção de conhecimento para provocar novos olhares sobre a empregabilidade de quem tem síndrome de Down, como um estudo da McKinsey&Company, que revela o impacto da contratação de profissionais com a síndrome no clima de uma corporação.